domingo, 30 de março de 2008

Do Rio Grande do Sul para a Europa

Porto Alegre (Viva o Ctrl C+Ctrl V) - O passo-fundense Cláudio Ricci é o cara. Uma pessoa simples, que atende bem os jornalistas e fãs, mesmo que a corrida seja cheias de problemas. Lembro muito bem de uma corrida dele em 2005, em Tarumã, no Campeonato Brasileiro de Picapes. Ricci estava no pódio quando um problema no seu Chevrolet S10 o fez abandonar a prova realizada em Tarumã. Minha mãe foi lá conhecê-lo e, mesmo decepcionado com o resultado, a recebeu de braços abertos e tirou uma foto com a véia.

Teve também as 12 Horas de Tarumã de 2006, quando o seu AS Vectra teve um problema bem no final da prova - e, de novo, tratou muito bem à todos, enquanto a gente vê muito pilotinho de bosta querendo pagar de estrela.

Esses pequenos relatos mostram o caráter do Ricci, que teve várias conquistas no automobilismo brasileiro, principalmente nos protótipos. Campeão de Picapes em 2006, ano passado deu um passo além: competiu no Brasileiro de GT3, com uma Ferrari. Acreditou em uma categoria que estava iniciando aqui nas terras tupiniquins e já colhe frutos. O gaúcho está na França, fazendo testes para a FIA GT e já foi convidado para participar da primeira prova do Campeonato Italiano, na lendária pista de Monza, pela equipe Kessel Racing.

Nada mais a desejar além do que ele sempre conseguiu: sucesso.

Final surpreendente nas 500 Milhas do Velopark

Porto Alegre (A corrida acabou às 11 horas, mas só escrevi o texto agora, nove horas depois) - Imagina a seguinte situação: estás lá, com teu kartzinho na frente de uma corrida que dura mais de 10 horas e meia, uns oito segundos de diferença para o seu adversário mais próximo. Legal, não? Deves ficar com aquele pensamento "Vou entrar para a história do kartódromo por fazer parte da equipe vencedora da primeira prova de 500 milhas".

Agora, bota tua imaginação para funcionar outra vez: é a última volta. Lideraste, por baixo, 90 minutos consecutivos nesta parte final, e, a poucas curvas para receberes a bandeira quadriculada e entrares para os anais da prova, a roda traseira esquerda solta-se – bobalhona ela, né? -, teu veículo roda e não tem mais como se locomover. O que farias? Provavelmente ficarias te perguntando "que diabos aconteceu?". Isso é o que eu faria. E pode ter sido isso que Rafael Daniel, piloto que estava nessa situação, guiando o kart de número 00 da Metalmoro, deve ter pensado.

Algumas pessoas ficaram tristes com a situação enquanto outras - não só membros da equipe vencedora – felizões com o resultado. Os papos que rolaram foram em torno de "quem tem topete muito alto, às vezes, merece tê-lo cortado para aprender a ser mais humilde". Mas é como diz a velha máxima do automobilismo mundial: carreras son carreras, e não se fala mais nisso.

Os vitoriosos foram os componentes da equipe Bremil, que durante toda a prova ficaram entre os cinco primeiros e foram contemplados com a vitória na categoria Sprinter – a principal, com karts de 13hp com livre preparação -, que caiu no colo. Na categoria Master, para veículos de 13hp sem preparação, a vitória ficou com a equipe uruguaia Barbarita Racing Team. Sim, essa mesma, que teve um piloto envolvido em um grave acidente.

Confira o resultado final da prova:

1) Bremil Newspeed Waechter, 529 voltas;
2) Metalmoro, 528;
3) Nitrogenius, 528;
4) MG Pneus, 527;
5) MV Loctite Racing 2, 521;
6) Targh 400 01, 520;
7) MV Loctite Racing 01, 516;
8) Mega Kart, 515;
9) Aller & Cerve, 514;
10) Bom de Braço, 510;
11) Barbarita Racing Team (MASTER), 502;
12) Metalmoro 02, 501;
13) Curitiba Racing, 501;
14) Auto Racing, 499;
15) Kart Shop Racing, (MASTER) 498;
16) Bremil Newspeed Waechter (MASTER), 497;
17) Planet 400, 496;
18) Mecanica Guimer (MASTER), 495;
19) Sapiranga Racing (MASTER), 494;
20) WAF Racing (MASTER), 493;
21) Scuderia Pretto, 493;
22) Becker (MASTER), 490;
23) Galgo Racing (MASTER), 489;
24) Londrina Kart (MASTER), 488;
25) Papa Léguas (MASTER), 485;
26)Aço Kraft Cardihn (MASTER), 484;
27) Curitiba Kart (MASTER),469;
28) COHEN (MASTER), 447;
29) De Moraes Fornare Casanova, 427;
30) Targh 400 02, 304

Acidente grave nas 500 Milhas

Nova Santa Rita (Quebrado, com sono, mas na ativa) - Acaba de ocorrer um acidente grave nas 500 milhas de kart do Velopark. Após quase três horas de prova, um dos pilotos da equipe Barbarita Racing Team, do Uruguai, rodou no S após a reta principal. Nisso, um adversário bateu de frente com o kart do uruguaio, que capotou. Os pilotos vêm com tanta velocidade que outro adversário não conseguiu desviar e acabou acertando o piloto de leve.

O uruguaio está sendo atendido no posto médico, mas passa bem. Tanto é que ele só se deitou porque todo mundo pediu para que fizesse isso, senão, era bem capaz de ter colocado o kart de volta para a pista. Ok, exagerei, mas seria legal - ainda mais se ganhasse.

sábado, 29 de março de 2008

Inaugurado kartódromo do Velopark


Nova Santa Rita (Todo quebrado por causa da corrida de kart) - Vinte e nove de março. Faça o favor de marcar no teu calendariozinho essa data. Por quê? Ora, simplesmente porque é uma data história. “Mas o que tem de tão histórica nesse dia, tio?”, pergunta o Joãozinho – sempre ele – lá no fundo da sala. Simples, minha criatura leiga: neste dia foi inaugurado o Kartódromo do Velopark.

Não sabe do que falo? Então o tio aqui explica: o kartódromo é apenas uma parte do Complexo Automobilístico construído na cidade de Nova Santa Rita, aqui nas terrinhas gaúchas. São duas pistas – uma especial para competição e outra para aluguel de karts – construídas. O detalhe está na junção. Quando as duas pistas são ligadas – sim, isso é bem possível – compõem uma pista, digamos, grande pra caramba. São cerca de 2,5 quilômetros de traçado, o que o torna um dos maiores do mundo.

Essa estrutura permite o Velopark sediar, sem maiores problemas, campeonatos internacionais, como o Mundial de Kart. Não foi à toa que o presidente da Comissão Nacional de Kart (CNK), ligada à Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), concedeu a homologação na categoria A, no início desse ano. Pedro Sereno de Mattos, o nome da autoridade em questão, destacou que “esse fato é relevante para o Brasil, pois, antes do Velopark, nós não poderíamos pleitear isso”.

E como toda boa inauguração, não poderia faltar show de velocidade. A categoria primeira das duas baterias programadas, com a vitória de Bruno dos Santos.

Mas nem só de novatos vive o esporte a motor. Pilotos lendários, como Sérgio Pegoraro, Paulo Hoerlle e os Antônio e Neco Fornari – filhos de Breno Fornari, vencedor das duas primeiras edições da Mil Milhas de Interlagos -, compõem o plantel de pessoas importantíssimas para o desenvolvimento do automobilismo gaúcho. Sem querer ser chato, mas já sendo, juntos, os 71 pilotos lendários têm cerca de mil anos. É muita história para contar, não?

A partir da meia-noite será realizada as 500 Milhas de kart, com duração prevista de 10 horas.

AutoRS aprova a pista

“Olha a pretensão desse blogalista” provavelmente estará a dizer. Ou, então, “quem esse cara pensa que é?”. Mas, sim, eu aprovei essa pista. Não apenas “aprovei”, como provei - basta ver o sorrisão bonito na foto que ilustra esse post. Prova disso está na prova especial para os membros da imprensa, da qual fiz parte. Conquistei a décima (e péssima) sétima colocação no grid e a mantive na prova – mesmo, no início, estando entre os dez primeiros nas primeiras voltas, após uma largada, digamos, sensacional da minha parte -, mas isso é discussão para outro post.

Arrancada

Caso a pequena criatura não saiba, o Velopark também tem uma pista de arrancada, com base nas estruturas norte-americanas, onde essa categoria é, digamos, tradicional. A inauguração está prevista para o dia 26 de abril deste ano. Então, já marca na tua agenda, pequena criatura.

domingo, 23 de março de 2008

Final de semana mais ou menos para brasileiros

Porto Alegre (Findi mais tedioso que a noite) - E quem pensava que o final de semana seria bom para os brasileiros, em virtude da pole-position do Massa, se deu mal. O piloto da Ferrari abandonou logo na 31ª volta após perder o controle do carro, rodar, e atolar na brita. Com o resultado, o brasileiro continua sem pontuar na temporada - e, com isso, vê, cada vez mais distante, a chance de ser o primeiro piloto na temporada.

Não que sirva de consolo, mas Rubens Barrichello não foi bem novamente. O carro todo mundo sabe que não é dos melhores, mas o brasileiro com maior número de corridas disputadas na categoria máxima do automobilismo mundial continua dando suas erradinhas. Dessa vez, abusou da velocidade nos boxes e teve de cumprir um Drive-Through. O pior é que não pode nem culpar que não tinha como controlar, pois, pelo que sei, no voltante tem um botãozinho que limita a velocidade no pit-lane. Será que não viu o botãozinho?

O que se deu bem foi Nelsinho Piquet. Em sua segunda corrida na Fórmula 1, viu a bandeira quadriculada pela primeira vez. Não marcou pontos, mas encerrou uma corrida. Na décima primeira posição. Ou seja, foi o melhor brasileiro na Malásia.

Raikkonen vence corrida sem graça


Porto Alegre (Após uma madrugada tediosa) - O finlandês Kimi Raikkonen venceu a segunda etapa da temporada 2008, realizada na Malásia. A corrida foi sem graça. Não só pela falta de batidas, mas também pela falta de emoção. Apenas algumas rodadas e nada demais - para nós, pois os pilotos que rodaram, lógico, ficaram pês da vida.

Um deles foi o brasileiro Felipe Massa. Depois de largar na pole-position, não conseguiu se distanciar do seu companheiro na Ferrari e perdeu o primeiro lugar após o primeiro pit-stop, na 17ª volta. Treze voltas depois, Massa rodou. E atolou. E abandonou mais uma. E não marcou pontos - em nenhuma das duas corridas.

Destaque da prova para a BMW, que conseguiu colocar o Robert Kubica - que, segundo o Galvão Bueno, prefere ser chamado de "Kubitza". O companheiro de Lewis Hamilton, Heikki Kovalainen, chegou em terceiro.

Com o resultado, o inglês mantém-se na ponta, com 14 pontos, seguido de Raikkonen, com 11. Nick Heidfeld - óia a BMW aí gente - está empatado com o finlandês, na terceira posição.

domingo, 16 de março de 2008

Um viva à "Fórmula 1 mais humana"

Porto Alegre (No trabalho, sofrendo com o calor) - Um viva, só? Não! Vamos dar três vivas ao que Felipe Massa chamou de "Fórmula 1 mais humana", segundo Galvão Bueno falou durante umas quatro ou cinco vezes durante a transmissão da categoria nessa madrugada. Para os meus leitores imaginários que ainda não entenderam, o brasileiro da Ferrari disse isso após a FIA proibir o uso do controle de tração nesta temporada. O resultado? Lógico: um festival de pancadaria.

Ao contrário das demais corridas - principalmente as do ano passado -, nessa eu não dormi. Consegui ficar até o final de olhos abertos, mesmo com o Lewis Hamilton, da McLaren, dar uma lavada na prova, fazendo a barba e o cabelo, pois o bigode ficou com o finlandês também da equipe britânica, Heikki Kovalainen - que concluiu a prova na quinta posição. O segundo foi Nick Heidfeld, da BMW, e o terceiro Nico Rosberg, da Williams.

Muitas ultrapassagen, muitas barbeiragens, muitos safety-car - três, ao todo - e muitas, mas muitas, lambanças. A primeira veio de Massa. Na segunda perna da primeira curva na primeira volta - ou seja, logo após a largada - não conseguiu segurar o carro e bateu de leve na mureta de proteção. Com o erro, caiu da quarta para a décima sétima e última posição após trocar o bico.

Entretanto, após uma tentativa de recuperação, Massa e David Coulthard, da Red Bull, enroscaram-se, quando o escocês fechou o brasileiro. O terceiro colocado no ano passado abandonou a prova algumas voltas depois. A Ferrari alegou um "problema no motor". O campeão Kimi Raikkonen também fez lambanças e abandonou a três voltas do fim, com problemas no carro.

Nelsinho Piquet também fez uma corrida apagada. Largou na penúltima posição devido a problemas no câmbio. Na prova, apesar de uma boa largada, não conseguiu manter o ritmo e, aos poucos, perdeu posições. Abandonou a prova na mesma hora que Massa, com o problema advinha no quê? Uma chance, pois já foi dito aí no parágrafo anterior.

Quem desencantou foi Rubens Barrichello, da Honda. Quando todos imaginavam que ele seria o único a não fazer nada de útil, mostrou que a idade - também conhecida como "experiência" - faz a diferença. Não cometeu erros com a falta de controle de tração e terminaria em uma ótima sexta posição com um carro horrível.

O uso do termo "terminaria" está correto, porque uma falha de Ross Brawn acabou com tudo. No último safety-car, Barrichello foi chamado aos boxes quando não podia, atropelou o cara do reabastecimento - o mecânico do pirulito disse para o brasileiro arrancar quando não devia - e, ainda por cima, saiu dos boxes com a luz vermelha acesa. Terminou em sexto, mas não pontuou. E essa é a décima oitava corrida de Barrichello sem pontuar.

O destaque da prova vai para Sebastien Bourdais, que chegou a ficar em quarto quando o motor Ferrari de seu Toro Rosso estourou. Terminou em oitavo, marcando um pontinho em sua estréia. Esse aí vai dar trabalho.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Os 70 anos de Pedro Carneiro Pereira

Porto Alegre (No trabalho, aproveitando o tempo livre) - Setenta anos. Esta seria a idade que Pedro Carneiro Pereira teria completado ontem, 11 de março, caso estivesse vivo. Não fosse sua morte precoce, em 21 de outubro de 1973, em uma corrida de Opalas no Autódromo Internacional de Tarumã, poderíamos, ainda, estar ouvindo sua voz nos jogos de futebol - principalmente os do Grêmio.

Pedro Carneiro Pereira era apaixonado por futebol. Também exerceu a profissão de advogado, jornalista e publicitário - praticamente um faz tudo. Mas, como bem disse Lasier Martins no livro Pedro Carneiro Pereira, O narrador de emoções, de autoria de Leandro Martins, "era nas pistas que estava o seu coração".

E era mesmo. Afinal, não é para qualquer um, além das profissões supracitadas, exercer a função de presidente do Automóvel Clube do Rio Grande do Sul por duas temporadas e, ainda por cima, ser um dos entusiastas que motivou a construção do Autódromo Internacional de Tarumã - complexo automobilístico responsável pelo desenvolvimento do esporte a motor no Estado.

A única certeza que temos nessa vida é a morte. Porém, não sabemos quando isso ocorrerá. Pedrinho não sabia, porém, morreu na primavera fazendo o que mais amava: correndo.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Morre um homem de visão

Porto Alegre (Em casa, em cima da cama. Nada como um note) - Aurélio Batista Félix não está mais entre nós. O criador da Fórmula Truck morreu nessa terça-feira, 5, após sofrer três enfartes. Aurélio tinha apenas 49 anos.

Uma pena. Apesar de eu não ser muito fã da categoria, não é possível negar que ele desempenhou um trabalho digno de aplauso. Pegou os veículos peso-pesados e transformou-os em belas máquinas de competição. Para algumas pessoas, o espetáculo está nas batidas. Para outras, na velocidade dos caminhões, superiores à 240 km/h em uma reta. E têm aqueles que vão mais para ver o show dos caminhões em seus famosos zerinhos sobre o eixo - além da bomba que estoura no caminhão principal.

Não sei dizer se esses últimos irão ou não mais aos autódromos em dia de categoria. Não sabe-se se alguém continuará o show. Espero que, que for o substituto - se tiver um -, seja pelo menos 10% do que o Aurélio era: eficiente.

Minhas sinceras condolências à família e à categoria. Mas, como diz aquele ditado: "a vida continua".

terça-feira, 4 de março de 2008

Beto leva caneco em Guaporé

Porto Alegre (Em casa, em cima da cama, porque recém acordei) - Deu-se no domingo, 02 de fevereiro. O local? A cidade de Guaporé, na Serra gaúcha. A categoria? Simples: os peso-pesados do automobilismo gaúcho. Não entendeste? Então, repito: os pesos-pesados do automobilismo gaúcho.

O pernambucano Beto Monteiro venceu a primeira etapa da temporada de 2008 da Fórmula Truck - entendeste, agora, o trocadilho com o "peso-pesado"? A bordo de um Scania - até ano passado corria de Ford -, o piloto venceu após usar uma tática arriscada: pneu de chuva durante a prova.

A estratégia baseou-se no tempo do final de semana. Um chove-pára sem dó, o que fez muitos pilotos optarem por seco e amargarem perda de posições no final da prova, como Wellington Cirino, que liderou por boa parte.

Duas equipes que começam com a letra mais bonita do alfabeto dominaram o pódio. Beto Monteiro, da Roberval Motorsports, o primeiro. Em segundo, veio Valmir Benavides, da RM Competições, seguido de Roberval Andrade, da Roberval Motorsports. Renato Martins e a sua esposa-piloto-mamãe, ambos da RM Motorsports, chegaram logo atrás, em quarto e quinta, respectivamente.

sábado, 1 de março de 2008

Velopark vem aí. Lalá, lalalalá


Porto Alegre (em cima da cama) - Parece mentira, mas não é.

O Velopark, um dos maiores complexos automobilísticos da América Latina, será inaugurado. O evento ocorre nos dias 29, 30 e 31 de março. Ou seja, é logo ali.

Para a inauguração, a direção do autódromo - Felipe Johannpeter e Johnny Bonilla - vai realizar diversas provas. Entre elas, as 500 milhas de kart e um evento à imprensa.

Há exatos três meses - mais precisamente no dia 1º de novembro de 2007 - escrevi um texto sobre a audácia desses dois apaixonados por automobilismo para o site Curva1, mantido pelo meu amigo e companheiro de corridas Eduardo Tomedi. Tomo a liberdade de transcrever a matéria aqui:


Audácia motiva construção do Velopark
Audácia. O dicionário Houaiss define este termo como “tendência que dirige e incita o indivíduo a, temerariamente, realizar ações difíceis, desprezando obstáculos e situações de perigo; ousadia, intrepidez, denodo”. Para o Aurélio, “impulso de ânimo que leva a cometer atos arrojados ou difíceis”, ou seja, “ousadia, coragem e valor”. Independente de qual estudioso da língua portuguesa utilizares, uma coisa é certa: esta característica se aplica a Felipe Johannpeter, Johnny Bonilla e Sério Cirne Lima. Quem são? Os empreendedores que idealizaram e estão pondo em prática a construção daquele que pode ser considerado o maior complexo automobilístico da América Latina.

Velopark. Este é o nome dado ao complexo automobilístico que conta com 130 hectares de área, sendo 70 de área construída. Exemplificando nas medidas do esporte mais popular do Brasil, o futebol, é o equivalente a 68 campos de futebol.

A idéia surgiu há cinco anos e há quatro está em obra. “Sentimos a necessidade de um espaço amplo, moderno e atraente para pilotos, equipes e amantes do automobilismo”, ressalta Felipe. Duzentas e cinqüenta pessoas trabalham na construção de três pistas de kart – uma para competição, uma para aluguel e uma para crianças -, uma mista e uma oficial de arrancada – 402 metros de extensão.

O complexo tem 150 boxes para quatro carros cada, 29 prédios e prédio VIP. Para acomodar os jornalistas que desempenham um trabalho, até certo ponto, heróico na divulgação do esporte no país do futebol uma surpresa: a sala de imprensa é quase idêntica à utilizada nas 500 milhas de Indianápolis – com pisos nas cores de uma bandeira quadriculada, quatro telas planas para vídeo e uma ampla mesa para os vencedores das provas. A palavra “quase” é utilizada devido a um pequeno detalhe: a do Velopark é maior que a da tradicional pista americana.

Público


Um dos grandes problemas que os aficionados por automobilismo encontram nos autódromos é a acomodação. Parece que, com o Velopark, isso mudará. “A nossa preocupação prioritária foi com o público, porque, para os pilotos, nós sabemos exatamente do que eles precisam”, afirma Felipe. Para tanto, estão sendo construídos dez quiosques de alimentação, além de mini-shopping, churrasqueiras e um estacionamento para cerca de 5,5 mil carros e 456 motos.

Arrancada

O livro “Automobilismo Gaúcho – Levantando Poeira”, de Gilberto Menegaz, traz um dado curioso: a primeira prova automobilística no Rio Grande do Sul é datada de 15 de novembro de 1926. E não foi em circuito fechado. A prova “Quilômetro Lançado” - na qual os pilotos embalavam seus carros por 600 metros para, depois, percorrer um quilômetro cronometrado -, pode ser considerada a precursora da Arrancada.

Apesar desta história, esta modalidade não é tradicional nem no Estado nem no Brasil. Apaixonado por arrancadas, Felipe Johannpeter decidiu investir no desenvolvimento desta. O projeto da pista, a ser inaugurada em abril de 2008, seguiu todas as normas da National Hot Road Association – considerada a maior liga de arrancadas dos Estados Unidos. Serão 402 metros de extensão, que proporcionarão ao público – com arquibancadas para 30 mil espectadores - a adrenalina de ver os famosos dragsters percorrerem o traçado a cerca de 300km/h e frearem com a abertura de pára-quedas.

Alejandro Sanchez, argentino de nascimento que compete nos campeonatos brasileiros de arrancada, aprova o projeto. “É um grande marco para a história da categoria. Espero que, a partir deste projeto, mais pistas nasçam e ajudam a desenvolver e a desmarginalizar este esporte”, concluiu.

Para tanto, Felipe adquiriu 12 dragsters da equipe Snake Racing: oito para competições, dois para locação e dois para aulas. “A arrancada tem mercado e pode avançar no Brasil”, advertiu Sérgio Cirne Lima. Os empreendedores também garantiram a vinda de equipes americanas que prepararão os carros, a fim de deixá-los o mais parecido possível.

Tradição

A tradição gaúcha é de corridas em circuitos mistos. Em 13 de maio de 1927 ocorreu a primeira prova, onde oito pilotos percorreram os 37km da “pista” formada por ruas dos bairros Cristal, Teresópolis, Passo da Cavalhada, Vila Nova, Belém Velho, Passo do Salso, Passo da Capivara, Pedra Redonda, Tristeza, voltando para o Cristal, todos na zona sul de Porto Alegre. A partir de 1970, com a inauguração de Tarumã, os circuitos de rua foram abolidos, mas o esporte, como pode-se ver, não. Além do circuito localizado em Viamão, nasceram Guaporé e, recentemente, Santa Cruz do Sul.

A idéia inicial era construir um circuito oval, mas os idealizadores viram que esta é uma tradição norte-americana. “Ainda não é hora de criar um oval, pois é necessário muito investimento e carros especialmente desenvolvidos para este tipo de circuito”, declarou Johnny Bonilla. Segundo o administrador do Kartódromo de Tarumã, a possibilidade não está descartada. “Construiremos um traçado misto, respeitando a topografia do terreno, e baseado no segredo dos Estados Unidos: os carros passando muitas vezes perto do público”, afirmou, acrescentando: “teremos um anel externo que tornará essa interação entre público e pilotos possível”.

Kart

O kartismo brasileiro não foi esquecido. Apesar de a prática contar com gastos astronômicos – cerca de R$ 20 mil por final de semana de prova -, continua sendo a categoria-escola brasileira. Sem esquecer da importância da modalidade, três pistas estão sendo construídas no complexo.

A idéia é a seguinte: ao mesmo tempo em que ocorre uma prova oficial, os amadores poderão participar de provas ao mesmo tempo – através do aluguel de karts. Mas engana-se quem pensa que é apenas isso. As duas pistas podem ser fundidas, formando um traçado de 2,5 km de extensão – o maior do mundo – e podendo realizar provas internacionais, como o Pan-Americano e o Mundial de Kart.

Empreendimento Familiar

Apesar de ter o nome da Família Johannpeter, o Velopark não tem investimento da empresa Gerdau. Claus Johannpetter, pai de Felipe, deixou isto bem claro durante a apresentação para a imprensa, realizada no centro automobilístico. “Este é um empreendimento familiar, é uma idéia do Felipe”, revelou.

Foram investidos, até o momento, R$ 20 milhões, sendo que mais R$ 10 milhões estão previstos para a segunda etapa: a conclusão da obra.

Inauguração

O tamanho assusta: 68 campos de futebol. Mas quem pensa que a inauguração demorará, engana-se. A inauguração está prevista para fevereiro de 2008, com a abertura da pista de aluguel de kart. Em março será a vez do traçado profissional, com a realização de um evento de 500 Milhas, parecido com o realizado no kartódromo da Granja Viana, em São Paulo.

Os pilotos de arrancada terão a sensação de percorrer um traçado específico para a modalidade a partir de abril do próximo ano, quando será mostrado aos gaúchos a potência dos dragsters. O circuito misto está previsto para inaugurar em 2009.


Agora é esperar e deliciar-se com o que o complexo esportivo promete para nós, apaixonados por automobilismo.