sábado, 1 de março de 2008

Velopark vem aí. Lalá, lalalalá


Porto Alegre (em cima da cama) - Parece mentira, mas não é.

O Velopark, um dos maiores complexos automobilísticos da América Latina, será inaugurado. O evento ocorre nos dias 29, 30 e 31 de março. Ou seja, é logo ali.

Para a inauguração, a direção do autódromo - Felipe Johannpeter e Johnny Bonilla - vai realizar diversas provas. Entre elas, as 500 milhas de kart e um evento à imprensa.

Há exatos três meses - mais precisamente no dia 1º de novembro de 2007 - escrevi um texto sobre a audácia desses dois apaixonados por automobilismo para o site Curva1, mantido pelo meu amigo e companheiro de corridas Eduardo Tomedi. Tomo a liberdade de transcrever a matéria aqui:


Audácia motiva construção do Velopark
Audácia. O dicionário Houaiss define este termo como “tendência que dirige e incita o indivíduo a, temerariamente, realizar ações difíceis, desprezando obstáculos e situações de perigo; ousadia, intrepidez, denodo”. Para o Aurélio, “impulso de ânimo que leva a cometer atos arrojados ou difíceis”, ou seja, “ousadia, coragem e valor”. Independente de qual estudioso da língua portuguesa utilizares, uma coisa é certa: esta característica se aplica a Felipe Johannpeter, Johnny Bonilla e Sério Cirne Lima. Quem são? Os empreendedores que idealizaram e estão pondo em prática a construção daquele que pode ser considerado o maior complexo automobilístico da América Latina.

Velopark. Este é o nome dado ao complexo automobilístico que conta com 130 hectares de área, sendo 70 de área construída. Exemplificando nas medidas do esporte mais popular do Brasil, o futebol, é o equivalente a 68 campos de futebol.

A idéia surgiu há cinco anos e há quatro está em obra. “Sentimos a necessidade de um espaço amplo, moderno e atraente para pilotos, equipes e amantes do automobilismo”, ressalta Felipe. Duzentas e cinqüenta pessoas trabalham na construção de três pistas de kart – uma para competição, uma para aluguel e uma para crianças -, uma mista e uma oficial de arrancada – 402 metros de extensão.

O complexo tem 150 boxes para quatro carros cada, 29 prédios e prédio VIP. Para acomodar os jornalistas que desempenham um trabalho, até certo ponto, heróico na divulgação do esporte no país do futebol uma surpresa: a sala de imprensa é quase idêntica à utilizada nas 500 milhas de Indianápolis – com pisos nas cores de uma bandeira quadriculada, quatro telas planas para vídeo e uma ampla mesa para os vencedores das provas. A palavra “quase” é utilizada devido a um pequeno detalhe: a do Velopark é maior que a da tradicional pista americana.

Público


Um dos grandes problemas que os aficionados por automobilismo encontram nos autódromos é a acomodação. Parece que, com o Velopark, isso mudará. “A nossa preocupação prioritária foi com o público, porque, para os pilotos, nós sabemos exatamente do que eles precisam”, afirma Felipe. Para tanto, estão sendo construídos dez quiosques de alimentação, além de mini-shopping, churrasqueiras e um estacionamento para cerca de 5,5 mil carros e 456 motos.

Arrancada

O livro “Automobilismo Gaúcho – Levantando Poeira”, de Gilberto Menegaz, traz um dado curioso: a primeira prova automobilística no Rio Grande do Sul é datada de 15 de novembro de 1926. E não foi em circuito fechado. A prova “Quilômetro Lançado” - na qual os pilotos embalavam seus carros por 600 metros para, depois, percorrer um quilômetro cronometrado -, pode ser considerada a precursora da Arrancada.

Apesar desta história, esta modalidade não é tradicional nem no Estado nem no Brasil. Apaixonado por arrancadas, Felipe Johannpeter decidiu investir no desenvolvimento desta. O projeto da pista, a ser inaugurada em abril de 2008, seguiu todas as normas da National Hot Road Association – considerada a maior liga de arrancadas dos Estados Unidos. Serão 402 metros de extensão, que proporcionarão ao público – com arquibancadas para 30 mil espectadores - a adrenalina de ver os famosos dragsters percorrerem o traçado a cerca de 300km/h e frearem com a abertura de pára-quedas.

Alejandro Sanchez, argentino de nascimento que compete nos campeonatos brasileiros de arrancada, aprova o projeto. “É um grande marco para a história da categoria. Espero que, a partir deste projeto, mais pistas nasçam e ajudam a desenvolver e a desmarginalizar este esporte”, concluiu.

Para tanto, Felipe adquiriu 12 dragsters da equipe Snake Racing: oito para competições, dois para locação e dois para aulas. “A arrancada tem mercado e pode avançar no Brasil”, advertiu Sérgio Cirne Lima. Os empreendedores também garantiram a vinda de equipes americanas que prepararão os carros, a fim de deixá-los o mais parecido possível.

Tradição

A tradição gaúcha é de corridas em circuitos mistos. Em 13 de maio de 1927 ocorreu a primeira prova, onde oito pilotos percorreram os 37km da “pista” formada por ruas dos bairros Cristal, Teresópolis, Passo da Cavalhada, Vila Nova, Belém Velho, Passo do Salso, Passo da Capivara, Pedra Redonda, Tristeza, voltando para o Cristal, todos na zona sul de Porto Alegre. A partir de 1970, com a inauguração de Tarumã, os circuitos de rua foram abolidos, mas o esporte, como pode-se ver, não. Além do circuito localizado em Viamão, nasceram Guaporé e, recentemente, Santa Cruz do Sul.

A idéia inicial era construir um circuito oval, mas os idealizadores viram que esta é uma tradição norte-americana. “Ainda não é hora de criar um oval, pois é necessário muito investimento e carros especialmente desenvolvidos para este tipo de circuito”, declarou Johnny Bonilla. Segundo o administrador do Kartódromo de Tarumã, a possibilidade não está descartada. “Construiremos um traçado misto, respeitando a topografia do terreno, e baseado no segredo dos Estados Unidos: os carros passando muitas vezes perto do público”, afirmou, acrescentando: “teremos um anel externo que tornará essa interação entre público e pilotos possível”.

Kart

O kartismo brasileiro não foi esquecido. Apesar de a prática contar com gastos astronômicos – cerca de R$ 20 mil por final de semana de prova -, continua sendo a categoria-escola brasileira. Sem esquecer da importância da modalidade, três pistas estão sendo construídas no complexo.

A idéia é a seguinte: ao mesmo tempo em que ocorre uma prova oficial, os amadores poderão participar de provas ao mesmo tempo – através do aluguel de karts. Mas engana-se quem pensa que é apenas isso. As duas pistas podem ser fundidas, formando um traçado de 2,5 km de extensão – o maior do mundo – e podendo realizar provas internacionais, como o Pan-Americano e o Mundial de Kart.

Empreendimento Familiar

Apesar de ter o nome da Família Johannpeter, o Velopark não tem investimento da empresa Gerdau. Claus Johannpetter, pai de Felipe, deixou isto bem claro durante a apresentação para a imprensa, realizada no centro automobilístico. “Este é um empreendimento familiar, é uma idéia do Felipe”, revelou.

Foram investidos, até o momento, R$ 20 milhões, sendo que mais R$ 10 milhões estão previstos para a segunda etapa: a conclusão da obra.

Inauguração

O tamanho assusta: 68 campos de futebol. Mas quem pensa que a inauguração demorará, engana-se. A inauguração está prevista para fevereiro de 2008, com a abertura da pista de aluguel de kart. Em março será a vez do traçado profissional, com a realização de um evento de 500 Milhas, parecido com o realizado no kartódromo da Granja Viana, em São Paulo.

Os pilotos de arrancada terão a sensação de percorrer um traçado específico para a modalidade a partir de abril do próximo ano, quando será mostrado aos gaúchos a potência dos dragsters. O circuito misto está previsto para inaugurar em 2009.


Agora é esperar e deliciar-se com o que o complexo esportivo promete para nós, apaixonados por automobilismo.

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